O Nós da Comunicação promoveu na noite desta quinta-feira o evento ‘Pólis 2.0: Nós temos voz?’, como parte da programação do Ciclo Comunicar Política. O encontro foi realizado no auditório da Escola Superior de Propaganda e Marketing no Rio de Janeiro (ESPM-Rio) e reuniu profissionais do mercado e da Academia.
Estiveram presentes Silvio Tendler, cineasta; Lula Vieira, publicitário e diretor de marketing da Ediouro; Fabiano Carnevale, secretário nacional de Comunicação do Partido Verde (PV); Graziela Tanaka, coordenadora de campanhas da ONG Avaaz no Brasil; e Marco Aurélio Lisan, coordenador de jornalismo da Rádio Globo. A mediação foi de Klaus Denecke-Rabello, professor de comunicação digital da ESPM-Rio.
O debate girou em torno das novas possibilidades de comunicação e o impacto que elas podem ter em processos políticos, não apenas eleitorais, mas também do cotidiano. “A internet tem a capacidade de mobilizar muita gente. Somos dezessete pessoas trabalhando na Avaaz e conseguimos nos comunicar com quatro milhões de pessoas”, disse Graziela, explicando o trabalho desempenhado pela ONG, que dispara alertas semanais que geram mobilização, seja em torno de uma campanha para eleições limpas no Brasil ou para angariar fundos para as vítimas do terremoto do Haiti. “Fazemos a coordenação e diversas conferências apenas pela internet. Nos comunicamos com gente do mundo todo”.
Graziela identifica na web um avanço fundamental no cotidiano das pessoas. “Os crimes que a ditadura brasileira cometeu e ninguém ficava sabendo; hoje seria impossível. Esses crimes não ficam mais silenciados. Nós gritamos e todo mundo ouve”, comenta. Para a ativista, a mobilização das pessoas em torno da internet tende apenas a crescer. “A maioria é silenciosa e a democracia é de uma minoria vocal, mas acreditamos em uma maioria com ética e valores, e que não encontra um canal para participar. E a internet é esse canal. Também acredito na força das novas gerações, que nasceram já com a internet e tem um potencial maior do que tivemos”.
A coordenadora da Avaaz não concorda com a máxima de que a internet dispara campanhas fadadas a não ter no ‘mundo real’ o impacto esperado. “A internet se filtra em si. As pessoas sabem o que vai ser propagado e o que não vai. A gente lança um alerta por semana e nunca sabemos o que vai pegar e o que não vai. A web é uma pirâmide e só o que é bom vai ser repassado. Tem uma forma bem democrática de se filtrar. Mas não podemos esperar o engajamento das pessoas em todas as situações”.
Transportando a eficácia da internet como ferramenta de comunicação para a política, Fabiano Carnevale explicou como o PV enxerga as possibilidades de relacionamento com seus eleitores. “O político ainda vê a internet como um canal de propaganda e marketing. A internet é um canal com a capacidade de mudar a política”, salienta o profissional, citando o deputado federal Fernando Gabeira como um exemplo de parlamentar que sabe usar os recursos digitais. “Ele está atuando na web desde 98 e sempre apostou nela como um espaço para trabalhar as ações políticas”.
Fabiano, no entanto, é cético em relação ao papel decisivo que a internet pode ter nas eleições de 2010. “Eu não acho que a internet vai eleger nem derrubar candidato. O papel da web começa na rua, vai para as redes, volta para a rua e cria-se uma dinâmica. A internet não vai resolver todos os problemas da humanidade”, pondera, diminuindo a importância da ‘estratégia’ criada atualmente pelos partidos. “Cada militante cria sua própria estratégia e transmite para outros. O que fazemos é apenas municiá-los. Você não consegue mais controlar esses milhares de transmissores”.
http://www.nosdacomunicacao.com/panorama_interna.asp?panorama=327&tipo=R
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