quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Max Gehringer fala sobre carreira e emprego em palestra em Salvador

Estudantes da Universidade Salvador (Unifacs) e convidados conferiram, na manhã desta quarta-feira, 29, uma palestra magna com Max Gehringer, consultor e colunista de diversas revistas brasileiras e comentarista da rádio CBN, sobre Carreira e Emprego. Na conversa, marcada pela descontração, o consultor deu prioridade a questões práticas do mundo do trabalho. Entre os principais tópicos comentados por ele, estão a escolha certa da profissão e o ingresso o mais cedo possível no mercado. O evento aconteceu no Pestana Bahia Hotel, no Rio Vermelho e faz parte do Circuito Unifacs, que conta com palestras durante todo o ano.

Gehringer iniciou a palestra comentando que, em sua juventude, as opções de escolha da graduação eram reduzidas, o que deixava a escolha mais fácil. A opção pelo curso da graduação, para ele, é uma questão em que não se deve ter dúvidas. Ele defende que, em caso de incertezas, a pessoa dê preferência a cursos mais genéricos, como Administração, que também está no rol das graduações com empregabilidade mais certa, junto a todos os ramos da Engenharia e os cursos de Tecnologia da Informação. Na contramão, entre as mais escassas oportunidades no mercado de empregos, estão Direito, Psicologia e Comunicação/Jornalismo. “Para fazer um curso cuja dificuldade do mercado de trabalho é maior, é preciso ter certeza do que se quer”, ponderou.

O método defendido por Gehringer na entrada no ensino superior é composto por pesquisa e aproveitamento do tempo. O estudante não pode começar a estagiar somente no final do curso, assim como deve aproveitar o tempo na universidade para conversar com colegas e principalmente professores, que segundo ele são pessoas “extremamente bem relacionadas”. O mundo do trabalho é formado pela rede de relacionamentos, portanto as relações interpessoais não devem ser subestimadas. O consultor de negócios ensina aos estudantes que estão iniciando o trajeto profissional ser importante frequentar eventos promovidos por empresas de Recursos Humanos (RH). “A 'mulher do RH' deve ser o primeiro contato em uma empresa”, brincou.

O palestrante dividiu as opções de ocupação da seguinte maneira: emprego privado, emprego público (concursos) e iniciativa própria (empreendedorismo). Enquanto a característica do trabalho em uma grande empresa privada é a de competição selvagem, que ao mesmo tempo tem crescimento profissional acelerado, existe o desejo dos brasileiros pelos concursos públicos, diante da garantia de segurança e estabilidade. Por outro lado, lembra ele, o crescimento no emprego público é bem mais lento.

Apesar do glamour dos empregos em grandes empresas e dos concursos públicos, segundo o palestrante o tipo de trabalho que hoje demonstra mais chance de dar certo é o do empreendedor. Na escolha desse meio de vida, também é necessário procurar saber de que forma investir, já que se perde dinheiro no início. O ideal é procurar saber que linhas de apoio aos pequenos empresários o governo oferece.

Mudanças – Nos últimos 15 a 20 anos, a relação da população com o ensino superior mudou: o número de faculdades cresceu gradativamente, permitindo a pessoas de classes mais baixas terem acesso à formação. Por outro lado, ter um diploma deixou de ser um diferencial. Durante a palestra, Gehringer lembrou que o mais importante é não errar no primeiro curso e, após a entrada no mercado de trabalho, deve-se escolher cursos de pós-graduação que mais se adequem ao caminho que a pessoa vislumbra à frente. Também nunca se deve deixar de fazer cursos, ao mesmo tempo em que trabalha.

Max também diz não aconselhar pessoas a saíram da faculdade diretamente para a pós-graduação, a não ser que já esteja bem direcionado a uma determinada área. Além disso, ele defende que, entre um emprego e uma pós-graduação logo após a formatura, o emprego fica em primeiro lugar.

Cursos "do futuro" – Para Gehringer, deve-se ter cuidado com a ideia de se formar em um dos “cursos do futuro”, que ano após são são apontados em revistas especializadas. Segundo ele - que diz guardar todas as revistas sobre os cursos há anos -, os empregos do futuro nunca batem com a realidade. O motivo, na opinião do consultor, é o fato de não haver pesquisas sobre a quantidade de oportunidades concretas a essas profissões: “uma coisa é dizer que uma profissão vai precisar de gente, outra é dizer que todos os que façam os cursos terão emprego”.

Dicas – Gehringer também deu conselhos aos participantes sobre a maneira de se portar enquanto está na faculdade e após já estar inserido em um trabalho. Uma das dicas mais direcionadas aos vestibulandos e universitários é a de não desistir do curso depois de já ter feito uma boa parte dele, porque isso “é uma perda enorme de tempo”. Um troca-troca de curso pode gerar descrença por parte de possíveis empregadores no futuro, que certamente vão questionar o jovem sobre sua capacidade de tomar decisões.

Para os já empregados, um aviso: nuna deixem de fazer entrevistas de emprego, por mais que estejam bem no trabalho. Mais para a frente, quando for necessário participar de uma seleção, a experiência com esse tipo de processo também se torna um diferencial. Outra dica na seleção para empregos é a de não sair distribuindo vários currículos formatados da mesma forma em várias empresas. Na opinião de Gehringer, é muito melhor fazer 10 currículos bem elaborados, direcionados aos valores e competências da empresa em que se pleiteia vaga, do que 150 com a mesma formatação – no final das contas, currículos assim vão parar na mesma pilha de outros tantos iguais.

Motivação – Para encerrar, a partir de uma pergunta da plateia sobre motivação, Max refletiu: “sempre achei que essa questão fosse uma coisa pessoal. Assumi uma postura na vida de que para qualquer coisa que eu conseguir, eu vou fazer uma festa. E eu lamento que as pessoas não façam mais isso. Eu vejo gente muito séria nas empresas e, das minhas plateias, os jovens são os mais sérios”. Ainda assim, diante da pergunta polêmica sobre preferir o dinheiro ou o prazer ao escolher um trabalho, ele é enfático: o dinheiro vem primeiro. "O prazer vai diminuindo com o tempo, e o dinheiro te permite fazer aquilo que gosta mais para a frente. Isso é o que eu estou fazendo agora”.

http://www.atarde.com.br/vestibular/noticia.jsf?id=5628289

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