sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Gislaine Rossetti: ‘A comunicação no setor químico é desafiadora’

Gislaine Rossetti, diretora de comunicação social da BASF para a América do Sul, esteve no lançamento oficial do Ano Internacional da Química, em Paris, no dia 27 de janeiro. Um dos objetivos da celebração é encorajar o interesse pelo tema entre os jovens e promover um entendimento mais profundo sobre a contribuição da química à sociedade. A executiva constatou as tendências para o setor químico nos próximos anos: “A agenda do evento foi intensa e repleta de discussões sobre como as empresas estão operacionalizando as soluções químicas para os desafios globais”, conta.

Nessa entrevista ao Nós da Comunicação, Gislaine comenta os projetos de comunicação em 2011 para registrar os 100 anos da empresa no Brasil – além dos 50 anos da Suvinil – e fala do constante desafio de comunicar a marca de uma indústria química.

Nós da Comunicação – Qual a participação da BASF nas celebrações do Ano Internacional da Química (AIQ) pelas Nações Unidas?
Gislaine Rossetti – A BASF é uma das patrocinadoras globais dessa comemoração promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e pela União Internacional da Química Pura e Aplicada (IUPAC). Esse é um momento essencial para as indústrias e instituições refletirem sobre a importância da contribuição sustentável da química para suprir as demandas da sociedade. No lançamento oficial do AIQ, em Paris, em 27 de janeiro, a agenda foi intensa e repleta de discussões sobre quatro megatendências: Nutrição & Saúde; Construção & Cuidados com o Lar, Energia & Recursos; além de Mobilidade & Comunicação. Foi um evento com enfoque acadêmico, mas também havia empresas que compartilharam como estão operacionalizando as soluções químicas para esses desafios globais. Alguns pontos muito importantes debatidos incluíram a questão da água, uma preocupação de todas as nações; saúde, no sentido da contribuição das indústrias no combate às doenças; energia, na busca de soluções para o futuro; além dos aspectos econômicos e sociais, focando no desenvolvimento sustentável e nas novas responsabilidades das indústrias.

Nós da Comunicação – Qual o projeto de comunicação em 2011 para registrar os 100 anos da BASF no Brasil e os 50 anos da Suvinil?
Gislaine Rossetti – Temos algumas ações que marcam os 100 anos da BASF. Estamos escrevendo um livro comemorativo sobre a contribuição da química para a sociedade, lançamos um site interativo e firmamos uma parceria com o jornal ‘Valor Econômico’ que está divulgando publieditoriais semanais sobre esse mesmo tema, grande mote do nosso projeto ‘A Caminho dos 100 anos’. Nele, estão incluídas as megatendências, também alinhadas às soluções da empresa. Outra parceria foi com a Orquestra Sinfônica Brasileira, que vai culminar em um concerto exclusivo para clientes, em maio.

Nós da Comunicação – Quais são as grandes dificuldades de trabalhar o branding de uma empresa química?
Gislaine Rossetti – Ainda é um grande desafio por causa do passivo de imagem negativa de muitos anos. Para uma empresa centenária como a BASF, esse passivo cobre basicamente toda a existência da organização. Por exemplo, a primeira área de comunicação da empresa, a de Relações Públicas, foi criada há 50 anos, e só há 20 anos as ações de comunicação corporativa começaram mais fortemente. Nessa ocasião, começamos a falar de conceitos mais científicos de comunicação como cadeia de stakeholders, percepção e construção de imagem. No passado, a química não era vista como algo benéfico. Inclusive, a educação para química que recebemos na escola não ajuda. Geralmente, é retratada como algo que explode, que pega fogo em um laboratório. O principal target do AIQ é a criança de 5 a 14 anos e um das temáticas é mostrar que bem feita, a química é benéfica.


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Sandra Maia: ‘É papel do profissional de comunicação criar canais para que toda a organização fale a mesma língua’

Para a profissional de relações públicas Sandra Maia, diretora de Experiência, Marketing e Vendas do Rio Quente Resort – localizado em Rio Quente, em Goiás – para ser eficiente, um planejamento de comunicação precisa estar alinhado às atitudes dos colaboradores e fornecedores de uma organização. “Ninguém faz comunicação sozinho”, ressalta a autora do livro ‘O Negócio da Comunicação – Do conceito à ação’ (Qualitymark).

Formada em Comunicação, com pós-graduações em Administração de Marketing e especializações em técnicas de negociação, Sandra já atuou em companhias como Philips, Cia. Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e Nestlé. No setor hoteleiro, já trabalhou na Accor Hotels, respondendo pela comunicação corporativa da rede para a América Latina, e na Blue Tree Hotels Brasil e Argentina.

Em entrevista ao Nós da Comunicação, a executiva comenta alguns temas abordados em seu novo livro, como o ‘Diagnóstico de Comunicação Conceitual’, mecanismo utilizado para alinhar as estratégias ao DNA da marca, além de indicar a função da comunicação para manter um bom clima organizacional. “É papel do profissional de comunicação criar canais para que toda a organização fale a mesma língua, atue dentro de um mesmo padrão de harmonia, compromisso e envolvimento”, analisa.

Nós da Comunicação – Hoje não basta apenas vender um produto ou serviço, é preciso encantar o cliente através da experiência com a marca. Quais os desafios para um profissional que trabalha com experiência em Marketing?
Sandra Maia – Atuar em diferentes frentes e usar e abusar de tudo o que é sensorial: cheiros, sons, imagens etc. Adoro, por exemplo, o que a grife Abercrombie & Fitch faz no mercado norte-americano. É simplesmente genial. Consistente, coerente e acima de tudo – conceitual. Sua estratégia de comunicação e marketing está toda dirigida ao público teen – mas acaba atingindo a todos. Quem não quer uma calça ou camisa comprada na 5ª Avenida, em Nova York, reduto da marca nos Estados Unidos? O que eles fazem? Limitam a oferta, contratam funcionários jovens e lindos, transformam o ponto de venda numa ‘disco’ sem nada a dever para as melhores ‘baladas’ da garotada e, lançam coleções sistemáticas com o símbolo que – tinha tudo para dar errado, mas é um charme. Comprar na Abercrombie se tornou ‘a’ experiência. Vale ressaltar, de saída, que ninguém faz comunicação sozinho. Dependemos de parceiros, funcionários, fornecedores e gestores que tenham clara e objetivamente a visão do negócio, a missão da marca, os valores e atributos de seus produtos e serviços.

Nós da Comunicação – Do ponto de vista do gestor, quais as barreiras encontradas nos bastidores da comunicação corporativa? E como superá-las?
Sandra Maia – Morosidade na aprovação de processos e projetos, a percepção errônea de que qualquer um pode fazer comunicação e, talvez a pior: esquecer-se de que tudo comunica. A forma de mudar isso? Relacionamento, comunicação, envolvimento e compromisso – trabalhar em como vender a proposta. Como torná-la viável na linguagem da organização – a relação entre investimento e retorno sobre investimento, prazo para implantação, impacto no meio, vantagens e desvantagens com relação à concorrência etc.

Nós da Comunicação – Você já atuou em diferentes setores: hoteleiro, público e privado. Qual deles você considera o mais complexo no que diz respeito ao relacionamento com stakeholders?
Sandra Maia – Todo relacionamento é complexo. Não importa o segmento em que se atua. Falar com stakeholders sempre será um desafio. A questão é como ajustar o discurso para que todos dentro da organização possam estar em sintonia e, dessa forma, facilitar a vida do comunicador. Talvez essa ainda seja a questão. Não adianta discurso sem atitude, nem responsabilidade sem sustentabilidade, tampouco qualidade sem levar em conta o que importa para o cliente ou o consumidor. A marca, afinal, está lá fora, sendo construída por todos, em todos os pontos de contato. Por isso, falar com stakeholders exige planejamento, estratégia, foco e linguagem direta. Demanda ser o exemplo, ou seja, o discurso tem que estar vinculado ao que se entrega, seja como e quando for.

Nós da Comunicação – Em que consiste o Diagnóstico da Comunicação Conceitual, considerado, por você, uma 'revolução no mercado corporativo'?
Sandra Maia – O Diagnóstico da Comunicação Conceitual leva em conta que tudo deve girar a partir de um centro, de um conceito, para que o alinhamento das pontas se torne mais possível. Imagine todos trabalhando e fazendo o seu melhor em uma empresa. Imagine agora que esse melhor não contribui para a construção da marca. Ás vezes, pode até contribuir para o crescimento e destaque de uma ou outra área, mas não para o todo. O ‘Comunicação Conceitual’ está, por isso, embasado em conceitos. Ou seja, depois de definido o conceito, o DNA da marca, é preciso traçar a forma da comunicação, seja ela digital, eletrônica, impressa ou outra, de forma mais sustentável. Alinhar web, relações públicas, imprensa, publicidade, CRM etc. fica muito mais simples.

Nós da Comunicação – A manutenção do clima organizacional requer constante atenção por parte dos gestores. Qual o papel que a comunicação exerce nesse processo?
Sandra Maia – A comunicação exerce o papel de catalisador e gestor das informações que fazem do negócio o que é. Ou seja, é papel do profissional de comunicação criar canais para que toda a organização fale a mesma língua’, atue dentro de um mesmo padrão de harmonia, compromisso e envolvimento ao lado dos profissionais de RH e, eventualmente, RP.

A comunicação, nesse sentido, impacta na cultura que se quer criar e estabelecer. Se deixarmos essa questão vital, de lado, todos sofrem. A comunicação com formadores de opinião se torna oca, sem repercussão. Não ressoa ou contribui para a construção e consolidação de marcas fortes.


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