sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sandra Maia: ‘É papel do profissional de comunicação criar canais para que toda a organização fale a mesma língua’

Para a profissional de relações públicas Sandra Maia, diretora de Experiência, Marketing e Vendas do Rio Quente Resort – localizado em Rio Quente, em Goiás – para ser eficiente, um planejamento de comunicação precisa estar alinhado às atitudes dos colaboradores e fornecedores de uma organização. “Ninguém faz comunicação sozinho”, ressalta a autora do livro ‘O Negócio da Comunicação – Do conceito à ação’ (Qualitymark).

Formada em Comunicação, com pós-graduações em Administração de Marketing e especializações em técnicas de negociação, Sandra já atuou em companhias como Philips, Cia. Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e Nestlé. No setor hoteleiro, já trabalhou na Accor Hotels, respondendo pela comunicação corporativa da rede para a América Latina, e na Blue Tree Hotels Brasil e Argentina.

Em entrevista ao Nós da Comunicação, a executiva comenta alguns temas abordados em seu novo livro, como o ‘Diagnóstico de Comunicação Conceitual’, mecanismo utilizado para alinhar as estratégias ao DNA da marca, além de indicar a função da comunicação para manter um bom clima organizacional. “É papel do profissional de comunicação criar canais para que toda a organização fale a mesma língua, atue dentro de um mesmo padrão de harmonia, compromisso e envolvimento”, analisa.

Nós da Comunicação – Hoje não basta apenas vender um produto ou serviço, é preciso encantar o cliente através da experiência com a marca. Quais os desafios para um profissional que trabalha com experiência em Marketing?
Sandra Maia – Atuar em diferentes frentes e usar e abusar de tudo o que é sensorial: cheiros, sons, imagens etc. Adoro, por exemplo, o que a grife Abercrombie & Fitch faz no mercado norte-americano. É simplesmente genial. Consistente, coerente e acima de tudo – conceitual. Sua estratégia de comunicação e marketing está toda dirigida ao público teen – mas acaba atingindo a todos. Quem não quer uma calça ou camisa comprada na 5ª Avenida, em Nova York, reduto da marca nos Estados Unidos? O que eles fazem? Limitam a oferta, contratam funcionários jovens e lindos, transformam o ponto de venda numa ‘disco’ sem nada a dever para as melhores ‘baladas’ da garotada e, lançam coleções sistemáticas com o símbolo que – tinha tudo para dar errado, mas é um charme. Comprar na Abercrombie se tornou ‘a’ experiência. Vale ressaltar, de saída, que ninguém faz comunicação sozinho. Dependemos de parceiros, funcionários, fornecedores e gestores que tenham clara e objetivamente a visão do negócio, a missão da marca, os valores e atributos de seus produtos e serviços.

Nós da Comunicação – Do ponto de vista do gestor, quais as barreiras encontradas nos bastidores da comunicação corporativa? E como superá-las?
Sandra Maia – Morosidade na aprovação de processos e projetos, a percepção errônea de que qualquer um pode fazer comunicação e, talvez a pior: esquecer-se de que tudo comunica. A forma de mudar isso? Relacionamento, comunicação, envolvimento e compromisso – trabalhar em como vender a proposta. Como torná-la viável na linguagem da organização – a relação entre investimento e retorno sobre investimento, prazo para implantação, impacto no meio, vantagens e desvantagens com relação à concorrência etc.

Nós da Comunicação – Você já atuou em diferentes setores: hoteleiro, público e privado. Qual deles você considera o mais complexo no que diz respeito ao relacionamento com stakeholders?
Sandra Maia – Todo relacionamento é complexo. Não importa o segmento em que se atua. Falar com stakeholders sempre será um desafio. A questão é como ajustar o discurso para que todos dentro da organização possam estar em sintonia e, dessa forma, facilitar a vida do comunicador. Talvez essa ainda seja a questão. Não adianta discurso sem atitude, nem responsabilidade sem sustentabilidade, tampouco qualidade sem levar em conta o que importa para o cliente ou o consumidor. A marca, afinal, está lá fora, sendo construída por todos, em todos os pontos de contato. Por isso, falar com stakeholders exige planejamento, estratégia, foco e linguagem direta. Demanda ser o exemplo, ou seja, o discurso tem que estar vinculado ao que se entrega, seja como e quando for.

Nós da Comunicação – Em que consiste o Diagnóstico da Comunicação Conceitual, considerado, por você, uma 'revolução no mercado corporativo'?
Sandra Maia – O Diagnóstico da Comunicação Conceitual leva em conta que tudo deve girar a partir de um centro, de um conceito, para que o alinhamento das pontas se torne mais possível. Imagine todos trabalhando e fazendo o seu melhor em uma empresa. Imagine agora que esse melhor não contribui para a construção da marca. Ás vezes, pode até contribuir para o crescimento e destaque de uma ou outra área, mas não para o todo. O ‘Comunicação Conceitual’ está, por isso, embasado em conceitos. Ou seja, depois de definido o conceito, o DNA da marca, é preciso traçar a forma da comunicação, seja ela digital, eletrônica, impressa ou outra, de forma mais sustentável. Alinhar web, relações públicas, imprensa, publicidade, CRM etc. fica muito mais simples.

Nós da Comunicação – A manutenção do clima organizacional requer constante atenção por parte dos gestores. Qual o papel que a comunicação exerce nesse processo?
Sandra Maia – A comunicação exerce o papel de catalisador e gestor das informações que fazem do negócio o que é. Ou seja, é papel do profissional de comunicação criar canais para que toda a organização fale a mesma língua’, atue dentro de um mesmo padrão de harmonia, compromisso e envolvimento ao lado dos profissionais de RH e, eventualmente, RP.

A comunicação, nesse sentido, impacta na cultura que se quer criar e estabelecer. Se deixarmos essa questão vital, de lado, todos sofrem. A comunicação com formadores de opinião se torna oca, sem repercussão. Não ressoa ou contribui para a construção e consolidação de marcas fortes.


http://www.nosdacomunicacao.com/panorama_interna.asp?panorama=392&tipo=E

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