domingo, 4 de abril de 2010

Comunicação sem politicagem – a verdade é a melhor estratégia

Gustavo Gomes de Matos

Abordarei o tema ‘Comunicar Política’ focando o amplo e polêmico campo que envolve a transmissão de informações e divulgação de notícias no movediço e traiçoeiro terreno das eleições para os Poderes Executivo e Legislativo.

Estamos próximos da megaeleição de 2010, na qual elegeremos presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Teremos que exercitar nossa habilidade seletiva e capacidade depurativa para que, em meio ao temporal de propagandas e retóricas que receberemos nesse período pré-eleitoral, possamos separar a grande quantidade de joio que esconde o pouquinho de trigo ainda existente.

Comunicação e política são atividades totalmente interdependentes. A política é a arte do relacionamento humano em sociedade. Nesse sentido, não existe política sem comunicação, da mesma forma que inexiste comunicação sem política. Por mais que queiramos simplificar a abordagem, esse é um tema bastante complexo e aberto a muitas controvérsias ideológicas. Porém, vamos buscar os fatos concretos do tema ‘Comunicação e Política’ para nos aproximarmos de algo que possa contribuir para o esclarecimento de ideias e opiniões.

No Brasil – e em grande parte do mundo – a política está desgastada, desmoralizada e destruída pela ação dos maus políticos, que atuam em benefício de grupos econômicos e do seu próprio enriquecimento ilícito, além, é claro, da eterna vaidade de querer sentir-se detentor de poder, o que reflete pobreza de espírito e cegueira para o interesse público.


Ética e felicidade

Para Aristóteles – e num plano ideal –, a política é um desdobramento natural da ética. Ambas, na verdade, compõem a unidade do que ele chamava de filosofia prática, ou seja, a busca do conhecimento com aplicabilidade à vida cotidiana. Por esse ponto de vista, registrou o filósofo: “se a ética está preocupada com a felicidade individual do homem, a política se preocupa com a felicidade coletiva da ‘polis’. Desse modo, é tarefa da política investigar e descobrir quais são as formas de governo e as instituições capazes de assegurar a felicidade coletiva”. Aristóteles desenvolveu essa perspectiva por volta de 320 a.C.

Como podemos notar, comunicação e política são atividades que transitam necessariamente pelos campos da ética e da cidadania. Ambos os conceitos estão estreitamente ligados à habilidade no trato das relações humanas, à valorização do bem comum e ao direito à justiça e plenitude de vida.

Dentro dessa perspectiva, poderemos analisar a correlação entre comunicação e política, refletindo sobre como vem sendo exercida a atuação dos profissionais que atuam nessa seara.

Grande parte das verbas de campanha – se não a maior – é justificada para utilização em comunicação ou marketing político. Ou seja, às estratégias de divulgação e fixação de imagem do candidato, concretizadas por meio de programas de rádio, televisão, folheteria, matérias jornalísticas, promoção de eventos variados, contatos com lideranças políticas, sociais e comunitárias, inserções em jornais, revistas, rádios e web – dentro da grande diversidade de redes sociais e mídias da internet.

Diante do atual cenário político brasileiro, marcado pela crise de valores e disseminação da cultura da corrupção em todos os níveis do poder público, cabe ao profissional de comunicação atender criteriosamente essa enorme demanda por serviços de assessoria de imprensa, media training, construção de imagem, organização de eventos, propaganda e estratégias de relacionamento com públicos de interesse e formadores de opinião.

O melhor diferencial para atender essa grandiosa oportunidade de trabalho chama-se verdade. Isso mesmo, o brasileiro precisa resgatar o valor dessa palavra no âmbito da política e vivenciá-la no seu dia a dia com o estabelecimento de relações de confiança e credibilidade.

Nós, profissionais de comunicação, precisamos agir como educadores e até mesmo tentar converter alguns dos nossos clientes para a força transformadora da verdade. Isso não tem nada a ver com discurso religioso, mas com o resgate de atitudes de cidadania e comportamentos éticos.

http://www.nosdacomunicacao.com/panorama_interna.asp?panorama=239&tipo=G

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