segunda-feira, 1 de junho de 2009

O Futuro das Empresas Familiares


A turbulência pela qual os negócios familiares estão passando, é forte. Se você quiser sobreviver em uma empresa familiar, você precisa organizar a família.”. Foi com esta afirmação que John Davis, considerado a maior autoridade mundial em gestão de empresas familiares, Presidente do Owner Managed Business Institute, líder do programa de educação executiva Families in Business: from Generation to Generation na Harvard Business School, abriu o Fórum Mundial de Gestão de Empresas Familiares, realizado pela HSM do Brasil em São Paulo.

O professor, que presta consultoria em muitos países a empresas familiares em gestão corporativa e familiar, trabalha com parentes, relacionamento com acionistas, planejamento estratégico e sucessório, e profissionalização da empresa familiar, e nos últimos anos vem trabalhando com alguns dos principais grupos familiares do Brasil, como o Pão de Açúcar, Gerdau e Votorantim, apresentou o resultado de uma pesquisa inédita, feita com 566 empresas brasileiras, realizada por ele e seus colegas Sandra Guerra, da USP, Bengt Hallqvist, do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) e Cristina Bertinelli, da Universidade de Bérgamo, da Itália, com o apoio da HSM.

Surpresa ou não, o resultado apontou que apenas 22% das empresas familiares afirmam que usam contrato de compra e venda entre seus proprietários. Talvez seja este o principal motivo pelo qual a maioria das empresas familiares não sobrevive à quinta geração. “Você precisa organizar a família. As segundas gerações têm uma falsa esperança de que o líder (o fundador) tenha um poder sobre a governança, e isso não acontece”, afirma Davis.

Como entender o Sistema Familiar

Uma forma de entender uma empresa familiar é entender o sistema de uma empresa familiar. Ele é composto por três pilares: família, propriedade e negócios. O que acontecer em um desses grupos, afeta todos os outros. “É preciso entender a dinâmica e a interação de cada um desses sistemas, para entender o sistema da empresa familiar. E práticas de governança corporativa podem ajudar”, explica John Davis, chamando a atenção para a diferença entre governança e gestão. “Governança não é gestão. É direção. Você não precisa de conselho definido para ter governança, mas ajuda. Boa governança ajuda a unir e prosperar”.

Ele destaca que governança é um processo a ser amadurecido a longo prazo. Uma boa governança corporativa envolve algumas questões-chave como:

Identidade – Quem somos nós? Como estamos nos diferenciando? Quais são os nossos valores fundamentais?
Direção – Para onde nós estamos indo? Quais são os nossos propósitos e missão? Qual é a nossa estratégia para alcançar nossas metas?
Disciplina – Quem tem autoridade? Quem toma as decisões-chave? Quem supostamente vai fazer o que?

John Davis afirma que é preciso que haja alinhamento entre família, empresa e proprietários. A governança desses três grupos (família, propriedade e negócios) tem de estar alinhados. “É como separar Igreja de Estado. Conselho Consultivo de Administração e Conselho Familiar. Os grupos precisam estar coordenados”.

E com base em suas pesquisas, o professor afirma que quanto maior a estabilidade da família, que é promovida pela governança corporativa adequada, mais as empresas ficam satisfeitas com seus conselhos. Essa estabilidade é promovida pelo uso de mecanismos que abrangem os seguintes aspectos:

- declarações de missão e valores;
- acordos de acionistas, como os de compra e venda de ações entre familiares (utilizados por apenas 22% das empresas familiares brasileiras);
- políticas de dividendos (60% das empresas brasileiras), de regras para as decisões dos proprietários (70%), de qualificações para tornar-se um proprietário (23%);
- planos de herança (43%) e protocolo familiar (13%);
- estruturas como os encontros anuais gerais (42%), reuniões de conselho de acionistas (40%), de conselho familiar (34%) e a assembleia familiar (15%).


Ele destaca que a governança de uma empresa familiar é diferente da de outro tipo de companhia em função da presença da família e da influência que ela exerce no sistema.

MAIORES INFORMAÇÕES:http://www.administradores.com.br/noticias/o_futuro_das_empresas_familiares/23494

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